Vasco da Gama: repórter da Globo aparece de camisa no Globocop após 6 a 0 histórico
22 agosto 2025 0 Comentários vanderlice alves

Vasco da Gama: repórter da Globo aparece de camisa no Globocop após 6 a 0 histórico

A cena no Globocop que virou assunto no Rio

A segunda-feira, 18 de agosto de 2025, começou com trânsito, céu limpo e um detalhe raro na TV aberta: Genilson Araújo, repórter do Globocop, apareceu ao vivo no Bom Dia Rio vestindo a camisa do Vasco da Gama. A imagem durou poucos segundos, mas foi suficiente para incendiar as redes. Ele ainda brincou com a goleada do dia anterior e cravou: "o almoço de ontem foi peixe frito" — referência direta ao Santos, conhecido como Peixe.

A aparição veio na esteira de uma vitória que mexeu com o humor do carioca: 6 a 0 no Morumbi, no domingo, 17 de agosto. Marcaram para o Vasco Lucas Piton, David, Philippe Coutinho (duas vezes), Rayan e Tchê Tchê. Não foi só placar elástico — foi um recado de quem vinha lutando na parte de baixo da tabela e achou um jogo para mudar o rumo da temporada.

Nas redes, a reação foi imediata. "Posso começar a trabalhar agora! O grande benfeitor Genilson Araújo acordou vascaíno", escreveu um torcedor. Outro resumiu o clima no ar: "Nosso repórter vascaíno está muito feliz no Globocop". Entre memes, prints e recortes do vídeo, o nome do repórter figurou entre os assuntos mais comentados no Rio por horas.

Fora da internet, a vibração foi parecida. Na Barreira do Vasco, comunidade colada a São Januário, a noite virou madrugada de festa, ruas tomadas por camisas, bandeiras e cornetas. Moradores relataram foguetório intermitente e carros buzinando no entorno do estádio. Para um clube que colecionou sustos recentes no Brasileirão, a sensação foi de recomeço.

Genilson, que há décadas narra do alto o sobe e desce do trânsito carioca, costuma ser o rosto da utilidade pública nas manhãs da Globo. Justamente por isso, o gesto chamou atenção: não era um manifesto, e sim um retrato do clima da cidade depois de um resultado fora da curva. Em telejornais, é comum a postura neutra, mas programas matinais também abrem espaço para momentos leves — e foi nessa fresta que a camisa cruz-maltina entrou em cena.

A goleada que reorganiza a temporada do Vasco

A goleada que reorganiza a temporada do Vasco

O 6 a 0 em cima do Santos valeu mais que três pontos. Tirou o Vasco da zona de rebaixamento, colocou o time em 16º, com 19 pontos, e equilibrou a disputa com o Vitória, que tem a mesma pontuação e abre o Z-4. Em um campeonato em que detalhes decidem, um saldo desses também muda a matemática e reforça a confiança de um elenco que vinha oscilando.

Dentro de campo, o roteiro foi quase perfeito. A equipe de Fernando Diniz controlou ritmo, foi agressiva na pressão e eficiente nas finalizações. A volta de Philippe Coutinho ao protagonismo, com dois gols, deu uma camada técnica que o time sentia falta. Rayan e Tchê Tchê, com mobilidade e chegada de trás, ampliaram o leque de jogadas. Lucas Piton e David abriram o caminho em um primeiro tempo em que o Santos pouco respirou.

O contexto também pesa. O confronto com o Santos costuma ser duro e, nos últimos anos, o Vasco acumulou partidas em que faltou punch. A goleada quebra essa sequência incômoda e recoloca o clube em outra conversa: a de um time que precisa pontuar sem drama até o fim do turno e transformar São Januário em aliado constante. O resultado no Morumbi, mesmo fora de casa, serve de referência do que funciona e do que não pode se perder.

Torcedor sente o efeito no dia a dia: fila de ingressos deve crescer nos próximos jogos, a conversa no bar muda de tom, e a paciência com o processo aumenta. A atmosfera se traduz em números simples — mais gente no estádio, mais confiança em campo. Para um elenco em reconstrução, isso vale quase como reforço.

Do outro lado, o Santos sai pressionado. Tomar seis gols em clássico interestadual fere a autoestima, acende alertas e costuma provocar respostas internas — ajustes táticos, revisão de escolhas, conversa dura no vestiário. É o tipo de placar que vira cicatriz e referência ao longo da temporada.

O episódio do Globocop ganhou esse tamanho porque dialoga com tudo isso. A camisa no ar simboliza um sentimento espalhado pela cidade: alívio. Depois de meses olhando a parte de baixo da tabela, o vascaíno acordou leve, rindo de meme, revendo os gols, discutindo o melhor em campo. E, quando a TV mostra esse humor coletivo, a imagem gruda.

Há também um pano de fundo cultural. No futebol brasileiro, o Santos é o "Peixe" e a piada do "peixe frito" é velha conhecida de arquibancada. Ela só aparece quando o resultado permite. E um 6 a 0 dá essa autorização imediata. Em poucas palavras, Genilson captou uma tradição da bola e traduziu o tamanho do placar para quem estava a caminho do trabalho, parado no engarrafamento da Linha Vermelha.

Para o Vasco, a tarefa agora é simples de dizer e difícil de entregar: transformar a goleada em trilha, não em ponto fora da curva. Manter a competitividade longe de casa, reduzir erros no miolo defensivo e aproveitar a boa fase de quem decidiu no Morumbi. O Brasileirão não dá muito tempo para comemorar. Mas, por uma manhã, a cidade inteira entendeu por que a camisa cruz-maltina subiu até o helicóptero.