Romaria de Passo Fundo atrai 100 mil fiéis em homenagem a Nossa Senhora Aparecida

Quando Nossa Senhora Aparecida foi celebrada neste domingo, a cidade de Passo Fundo se transformou em um mar de velas e cantos. Aproximadamente 100 mil fiéis reuniram‑se na Catedral Nossa Senhora Aparecida para a missa inaugural da Romaria Arquidiocesana de Nossa Senhora Aparecida 2024Passo Fundo. O que começou como tradição local se firmou como um dos maiores encontros religiosos do Sul do Brasil, reforçando a devoção nacional à padroeira do país.

Contexto histórico da Romaria

O primeiro registro de peregrinação ao santuário de Passo Fundo remonta a 1982, quando a Arquidiocese de Passo Fundo instituiu a celebração anual no dia 12 de outubro, data oficial do Dia de Nossa Senhora Aparecida. Desde então, a Romaria evoluiu de um evento modesto para uma mobilização que envolve não só a comunidade católica, mas também autoridades civis e o setor de turismo local.

Segundo a Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Passo Fundo, a 41ª edição, realizada em 2022, contou com cerca de 70 mil participantes, já a 42ª, em 2023, atingiu 85 mil. O salto para 100 mil fiéis em 2024 reflete uma tendência de crescimento impulsionada por campanhas nas redes sociais, transmissão ao vivo pela TV local e o apoio logístico da Prefeitura Municipal de Passo Fundo.

Como foi organizada a Romaria de 2024

A programação seguiu o roteiro tradicional: às 7h, missa solene na catedral; às 8h, partida da procissão rumo ao santuário; às 10h30, missa campal no Santuário Nossa Senhora Aparecida; e, às 14h, bênção do Santíssimo Sacramento e dos objetos religiosos. A escolha do tema – “Maria, mãe do amor e mulher de sabedoria” – ecoou nas homilias e nas letras dos corais.

O arcebispo Carlos José de Moura, líder da Arquidiocese de Passo Fundo, destacou em um discurso: “Esta Romaria reforça a identidade gaúcha e a fé que nos une, independentemente das diferenças”. A secretaria municipal garantiu segurança, trânsito e postos de saúde ao longo do percurso, mobilizando cerca de 500 voluntários.

Curioso notar que, apesar do número impressionante, não foram divulgados valores de patrocínio ou investimentos privados. O financiamento ficou a cargo da diocese, de doações dos fiéis e de recursos públicos destinados à infraestrutura urbana.

Depoimentos e reações dos fiéis

Maria da Silva, 63 anos, moradora do bairro Alto da Boa Vista, contou emocionada: “Vim aqui desde criança, mas nunca vi tanta gente reunida. Sinto que a nossa devoção está mais viva do que nunca.”

Já o jovem estudante de engenharia, João Pedro, explicou que participou pela primeira vez: “Achei inspirador ver a comunidade inteira cantando juntos. Foi como estar em um grande coral que atravessa a cidade.”

Autoridades civis também se manifestaram. O prefeito, Marcos Gouveia, afirmou que a Romaria gera um ”efeito multiplicador” para o comércio local: hotéis, restaurantes e lojistas registraram aumento de 30% nas vendas durante o fim de semana.

Impactos culturais, sociais e econômicos

Além do aspecto religioso, a Romaria funciona como um motor econômico temporário. Estudos preliminares da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Passo Fundo estimam que a movimentação gerou cerca de R$ 4,2 milhões em receita direta para a cidade.

Do ponto de vista cultural, o evento reforça a identidade gaúcha ao combinar tradições católicas com manifestações populares, como as marchinhas de 30 de junho (aniversário de Passo Fundo) que foram adaptadas para o tema da Romaria.

Socialmente, a peregrinação promove a solidariedade: postos de atendimento médico gratuito foram instalados ao longo da rota, beneficiando sobretudo idosos e pessoas com mobilidade reduzida.

Perspectivas para a Romaria de 2025

A Arquidiocese de Passo Fundo já anunciou a 44ª edição, programada para 12 de outubro de 2025. Organizadores prometem ampliar a cobertura de transmissão ao vivo, incluir novas caminhões de apoio logístico e, possivelmente, abrir inscrições para grupos de jovens de outras cidades do estado.

Especialistas em turismo religioso, como a professora Ana Lúcia Barbosa da Universidade Federal de Santa Maria, alertam que o crescimento deve ser acompanhado de planejamento urbano mais robusto, para evitar congestionamentos e garantir a segurança dos peregrinos.

Em suma, a Romaria de Passo Fundo não é apenas um ato de fé; é um fenômeno que mobiliza milhares de corações, gera receita, reforça laços comunitários e coloca a cidade no mapa das celebrações religiosas mais relevantes do Sul do Brasil.