No dia 6 de setembro de 2024, a música brasileira perdeu uma de suas maiores lendas: Sergio Mendes. O músico, que teve um papel fundamental na disseminação da bossa nova e do samba internacionalmente, faleceu aos 83 anos em Los Angeles, cidade onde residia desde os anos 60. A notícia foi recebida com grande pesar tanto no Brasil quanto fora dele, dada a importância de Mendes na promoção da cultura brasileira.
Nascido em Niterói, Rio de Janeiro, em 11 de setembro de 1941, Sergio Mendes começou sua carreira de forma promissora no lendário Beco das Garrafas, epicentro da efervescente cena musical brasileira da época. Ali, o jovem talento teve a oportunidade de conviver e se apresentar ao lado de ícones como Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Baden Powell. Foi nesse ambiente que Mendes ouviu pela primeira vez a composição de Jorge Ben Jor, 'Mas que Nada', em 1963.
Três anos mais tarde, em 1966, Mendes lançou sua própria versão de 'Mas que Nada', que se tornaria um hit eterno, tocando corações e mentes em diversas partes do mundo. O impacto foi tão grande que a canção entrou para a lista das cinco melhores composições brasileiras da revista 'Rolling Stone'. Anos depois, em 2006, a música foi remisturada com o grupo americano Black Eyed Peas, reafirmando seu sucesso e introduzindo-a a novas gerações de ouvintes.
Sergio Mendes era o músico brasileiro com maior sucesso nos Estados Unidos. Sua habilidade de mesclar ritmos brasileiros com influências internacionais rendeu-lhe colaborações invejáveis. Trabalhou ao lado de lendas do jazz como Herb Alpert e Cannonball Adderley, além de gigantes do pop americano, incluindo Stevie Wonder, Justin Timberlake e John Legend. Mendes também manteve colaborações estreitas com grandes nomes da música brasileira como João Donato e Hermeto Pascoal.
A carreira de Mendes, que se estendeu por mais de 60 anos, foi marcada por notáveis realizações. Lançou 35 álbuns, sendo agraciado com um Grammy pelo álbum 'Brasileiro' em 1992 e uma indicação ao Oscar pela faixa 'Real in Rio', composta para a animação 'Rio' em 2012. Além disso, conseguiu emplacar 14 músicas no Top 100 das paradas americanas, sendo quatro na década de 80 e dez nos anos 60.
O legado de Sergio Mendes como um dos maiores expoentes e divulgadores da música e cultura brasileira é amplamente reconhecido. Sua capacidade de inovar e de se conectar com diferentes gerações fez dele uma figura seminal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou suas condolências à família, amigos e fãs de Mendes, destacando seu papel crucial na valorização da música brasileira no cenário internacional.
Mendes deixou sua marca também ao adicionar toques brasileiros a composições dos Beatles, mostrando sua versatilidade e criatividade sem limites. Ele deixa sua esposa, Gracinha Leporace, e cinco filhos, além de uma legião de admiradores mundo afora que sentem profundamente sua partida.
Além de seu sucesso comercial, Sergio Mendes sempre foi um artista dedicado à arte pura. Sua paixão pela música brasileira e sua habilidade para adaptá-la para públicos internacionais sem perder a autenticidade são inigualáveis. Através de suas melodias e harmonias, Mendes conseguiu levar um pedaço do Brasil para muitos cantos do mundo.
É inegável que Mendes transformou a percepção da música brasileira fora do país. Sua habilidade de criar sons novos e ao mesmo tempo manter a essência dos ritmos brasileiros ajudou a formar uma identidade sonora única para o Brasil no exterior.
O falecimento de Sergio Mendes marca o fim de uma era na música brasileira e mundial. No entanto, as suas contribuições permanecerão ecoando eternamente. Sua habilidade de combinar o tradicional com o moderno, o local com o global, fez com que sua música transcendesse fronteiras e se tornasse atemporal.
Enquanto os fãs e a indústria da música lamentam sua perda, seu legado glorioso continua a inspirar músicos e amantes da música de todas as gerações. De Niterói para o mundo, Sergio Mendes seguirá sendo lembrado como uma figura colossal, cujo impacto na música e na cultura é inestimável.